Falando em comunicar, só nos últimos anos é que arquitectura portuguesa atingiu o desejo alcançável por uma classe média alargada, repercutindo-se na exibição pública da arquitectura: exposições sobre autores e obras, em galerias, museus bienais ou trienais. Entendo que a relação oferta/procura no que diz respeito à cultura arquitectónica portuguesa, representa um sinal positivo na relação quantidade/qualidade de “eventos”, worshops, conferências, sejam situações dedicadas somente à arquitectura, ou na integração da mesma com outras áreas, da construção, da arte, do design ou do mix das indústrias criativas. São-nos conhecidos bastantes casos e personagens que deram origem a publicações, e catálogos emergentes na divulgação e crítica da arquitectura portuguesa recente. Por vezes é um sinal tendencioso, na medida em que os organizadores deste tipo de “eventos” acabam por ter uma aproximação maior aos arquitectos da sua geração, ou não – veja-se o exemplo da revista universitária Dédalo, que na última edição Displace (Abril 2011), soube integrar arquitectos de origens, mercados, e gerações diferentes, dentro de um conceito único. Na nossa opinião, esta é uma situação muito mais emergente, do que a vinda de um starsystem à Casa da Música. Quer dizer, ambas são importantes como referência, como observação, como momento de contacto com os espectros ou com os new wave, mas a cristalização da diversidade tem muito mais a oferecer, do que a lição de uma arquitectura apreendida e …apreendida… em vias de “extinção”. No entanto ambas as posturas, padecem de um mesmo mal, a falta de tempo e a falta de vontade para a crítica. O que observo é que em ambos os “campeonatos”, a “missão” dos gabinetes é a auto-promoção, a divulgação dos seus trabalhos, a amostra conceptual, o pormenor do caixilho, o render, etc, num registo apático pelo medo, ou então demasiado “parvo” pelo à vontade com que se sentam na cadeira. Assim, a arquitectura portuguesa padece de referências e emergências nesta questão comunicativa/oratória, como na ausência daqueles que agarram verdadeiramente a hipótese de falar e trabalhar em público. Destaco aqui, a abordagem emergente que os Super Sudaka tiveram no Porto em 2011, don’t forget, it´s too late, de como um gabinete transformado numa rede, consegue operar na prática multi-disciplinar, na investigação da arquitectura e do território de uma forma participativa e bastante comunicativa ao mesmo tempo. Pena não ser português.
in Arquitectura Portuguesa Emergente 2000-2010. Hugo Ferreira
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